Gestão de consultório

3 modelos inovadores em gestão de saúde

A maneira como você administra seu consultório faz toda a diferença na organização, na agilidade, nos gastos e na qualidade do serviço. Especialistas apontam alguns métodos para modernizar a organização

Ser um profissional de saúde empreendedor, ou seja, proprietário de clínica ou consultório, exige tempo e dedicação para conciliar a prática de atendimento com a administração do negócio. “A gestão eficiente é tão importante quanto a competência técnica do profissional”, aponta a ortodontista Carina Montalvany Antonucci, especialista em Gestão, Ensino e Inovação em Odontologia do Empreendedor Dentista e sócia-proprietária do Studio A Exclusive Dental Care.

Na maioria dos casos, os profissionais de saúde, incluindo os da Odontologia, não recebem formação em gestão durante a graduação. Então, de início, não conhecem as diferentes metodologias administrativas que podem ser aplicadas no dia a dia dos consultórios. “A solução mais comum é delegar as funções gerenciais a um colaborador ou realizá-las de forma empírica, ou seja, baseada na experiência”, diz a especialista.

Ela ressalta que, no entanto, é importante estar a par dos processos de gestão e entendê-los minimamente, até mesmo para saber treinar e conduzir os colaboradores da maneira que for mais conveniente para o negócio. “É essencial conhecer os pontos fracos e fortes da clínica para, assim, direcionar o crescimento, inovar e criar oportunidades em um mercado que tem ficado cada vez mais competitivo”, completa.

O QUE É UM MODELO DE GESTÃO?

Trata-se de um sistema administrativo que funcionará como base para a atuação de cada colaborador da equipe, em prol de objetivos em comum. Existem vários deles, e todos visam ao melhor funcionamento da clínica ou do consultório odontológico, entregando os melhores serviços, de modo mais eficiente, com recursos financeiros e humanos bem aplicados. “O modelo de gestão é definido pela organização e é o que, ao final, orquestra todos os componentes dela”, explica o professor Marcelo Tavares da Silva, do MBA em Gestão em Medicina da FIA Business School.

“Na escolha da metodologia, vale considerar quais são as diretrizes (missão, visão e valores), pois elas são a espinha dorsal da organização. A partir delas, define-se o plano estratégico, de onde serão derivados os planos táticos e operacionais. Em um consultório, o plano estratégico é realizado pelo próprio médico ou cirurgião-dentista, que é o empreendedor do negócio”, orienta o especialista. Ele sugere um formato simplificado, mas que inclua todos os elementos essenciais, como diagnóstico da situação atual, cenário político-econômico, regulamentação no setor, tecnologia e tendências, fornecedores, concorrentes, clientes (pacientes) e demanda do mercado.

Carina destaca também a importância de se adotar um modelo de gestão eficiente para a realidade específica de cada clínica. “Isso gera a melhora na qualidade do ambiente de trabalho, cria métodos de controle financeiro e de processos internos, além de refletir diretamente no relacionamento entre os colaboradores e os pacientes”, justifica.
O melhor modelo é o que funciona para você, portanto.

PARA ACERTAR NA ESCOLHA

Como, afinal, escolher o modelo de gestão mais eficaz para impulsionar seu consultório, de maneira que ajude a aproveitar com inteligência e organização as ferramentas, os funcionários e todos os recursos que você tem à mão? Não existe resposta pronta. Depois de definir diretrizes e planos estratégicos, táticos e operacionais, é importante escolher um método que atenda às suas necessidades e às dos seus pacientes e colaboradores. “Mais do que metodologias, precisamos desenvolver um mindset de crescimento contínuo dentro da clínica, em que o respeito, a atenção aos detalhes e o incentivo à cultura da colaboração prevaleçam”, acredita Carina.

A melhor utilização de uma metodologia de gestão implica em praticá-la como uma espécie de filosofia organizacional. Por isso, para dar certo, é necessário que todos os colaboradores, desde o presidente até o porteiro da empresa, vivam e respirem essa filosofia. Mas saiba que também é possível combinar mais de uma metodologia, de acordo com as demandas, visto que os modelos de gestão não são excludentes.

Com a ajuda do professor Marcelo Tavares da Silva, da FIA Business School, e da ortodontista Carina Montalvany, do Empreendedor Dentista, listamos aqui alguns dos métodos mais conhecidos para você se inspirar. Nas próximas edições de Conexão UNNA, voltaremos a falar de cada um deles separadamente e com maior profundidade.

1. PDCA

É uma metodologia sequencial de acompanhamento de atividades, aplicada para melhoria contínua, baseada nas etapas:

  • Planejar (do inglês Plan) – estabelecer as metas, os indicadores e elaborar um plano de ação;
  • Executar (do inglês Do) – realizar as atividades que constam no plano de ação;
  • Controlar (do inglês Control) – verificar o atingimento das metas estabelecidas;
  • Agir (do inglês Act) – reorganizar as atividades conforme seja necessário para atingir as metas.

Pode ser empregada sempre, mas principalmente quando se quer implantar novos processos ou realizar alguma nova ação no consultório.

2. LEAN

A metodologia lean é uma filosofia de gestão enxuta — a palavra em inglês, aliás, quer dizer esguio, magro. O objetivo é aplicar o mínimo de recursos e de tempo, o que leva a uma redução de custos. Trabalha-se na minimização de desperdícios, o que inclui evitar o pior deles: o excesso na produção. Na prática, a equipe segue um fluxo de trabalho e identifica os principais problemas ou gargalos nos processos. De forma rápida, detecta-se e resolve-se o problema. Isso gera uma economia, tornando a empresa mais competitiva no mercado.

3. METODOLOGIA ÁGIL

É um conjunto de medidas práticas que têm como objetivo disponibilizar, de forma rápida, serviços e produtos de alta qualidade, por meio do desenvolvimento de um projeto com foco nas necessidades do cliente e nos objetivos da organização. A ideia é eliminar os principais problemas e as atividades improdutivas nos processos da empresa.

Para isso, as atividades são decompostas em outras, menores, de forma que seja fácil e rápido identificar os recursos necessários à realização de cada uma delas. Assim, as ações são tomadas próximas aos pontos críticos, com transparência de
recursos empregados.

As vantagens são alinhamento e proximidade com as necessidades dos clientes, tempo de entrega reduzido, espírito de equipe, custos reduzidos, recursos adequados, programação de ações e flexibilidade para alterações conforme a necessidade.

VALOR PARA O PACIENTE

Um modelo de gestão eficiente na área da saúde é ainda mais importante porque as relações entre as partes interessadas podem ser complexas. Mas o paciente, não custa lembrar, ocupa sempre o centro da atenção. “Sendo assim, as ações tomadas devem criar um valor percebido por ele, ou seja, atingir um custo-benefício que o satisfaça”, aponta Marcelo Tavares da Silva, o professor de Gestão em Medicina da FIA Business School. A equação a seguir ajuda na compreensão do que gera valor para o paciente, a fim de se adotar um modelo de gestão eficiente para a clínica:

Como indicadores do que o paciente considera como valor, Silva inclui: recuperação, tempo de retorno às atividades normais, complicações ou dores durante o tratamento, recaídas e sequelas de longo prazo ou permanentes. “É preciso que seja criado um sistema fundamentado na saúde baseada em valor, que envolve a dedicação da equipe a cada atendimento, a mensuração da condição clínica do paciente e seu desfecho, a avaliação dos custos atrelados àquela condição e a adesão a um modelo de remuneração que recompense de acordo com os resultados”, conclui o especialista.

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