Gestão de consultório

4 maneiras de incentivar check-ups regulares

Consultas de rotina são eficazes para prevenir ou detectar com antecedência os problemas de saúde bucal, mas nem sempre é fácil estimular os pacientes a retornar com frequência

Os pacientes só aparecem quando há algum problema ou emergência? A situação é comum, embora incorporar os check-ups regulares à rotina traga inúmeras vantagens. “Os retornos de manutenção odontológica ou check-ups auxiliam na detecção precoce de problemas que podem ser evitados ou, ainda, no alcance de afecções em estágios iniciais, para que o tratamento seja menos invasivo. Isso reduz a morbidade dos tratamentos, o custo financeiro e o desgaste emocional dos pacientes”, afirma a periodontista Renata Cyrino, professora de Periodontia e coordenadora do Projeto de Extensão Pensando na Carreira da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Implementar essa cultura e fazer com que o paciente entenda a importância de levar a frequência regular no consultório a sério, no entanto, costuma ser um desafio. Mas o esforço vale a pena, é claro. “Não é possível imaginar que uma pessoa será saudável, se a sua boca não estiver saudável”, aponta a cirurgiã-dentista Sofia Uemura, diretora da Faculdade de Odontologia da Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas (FAOA/APCD). A seguir, as especialistas dão dicas para ajudá-lo a incentivar o hábito no seu consultório.

Eduque o paciente

A comunicação clara e empática do dentista com os pacientes é a principal ferramenta para conscientizá-los sobre a importância dos retornos. “Quando envolvidos com a própria causa, eles terão um comportamento de maior aderência e, assim, um retorno natural”, explica Renata. Para ela, além de passar segurança sobre o conhecimento profissional, essa aproximação facilita a percepção do que motiva cada indivíduo e quais são suas prioridades. “É preciso chegar ao ‘coração’ para chegar ao cérebro. A comunicação precisa ser empática, sem julgamento”, aponta.

Você também pode aproveitar essa oportunidade para ressaltar o valor financeiro, além do tempo e da intensidade dos tratamentos. Um exemplo que dá para ser utilizado na abordagem é o surgimento de lesões cariosas. Explique ao paciente que o início da lesão é uma mancha branca, muitas vezes imperceptível para ele, mas que pode ser revertida se detectada em uma consulta de rotina e com procedimentos mais simples.

Escolha a hora certa para tocar no assunto

Alguns profissionais defendem que a consulta de retorno seja marcada enquanto o paciente ainda está no consultório, ao final do atendimento. Isso porque é grande a probabilidade de ele esquecer de fazê-la caso tenha de ligar depois. Mas isso não é regra. Se a volta for um check-up de rotina, meses após a consulta anterior, talvez seja melhor entrar em contato com ele para lembrá-lo. “Dar uma previsibilidade sobre o próximo retorno é importante, no entanto a opção entre deixar o compromisso já marcado ou não vai depender da rotina de cada paciente”, afirma Renata.

Avalie os meios de contato

Para que o paciente não se esqueça do compromisso, uma saída é enviar alertas periódicos. Atualmente, a comunicação e a tecnologia oferecem diversos meios para que isso seja feito. “É possível usar sistemas de mensagem virtual, cartões e até telefonemas. Sugiro, sempre na última consulta, perguntar ao paciente qual a melhor forma de alertá-lo para o retorno. Assim, a comunicação tende a ser mais eficaz”, aponta Renata.

Consulta marcada? envie lembretes

Seu paciente já se convenceu da importância dos check-ups regulares e até já agendou a consulta. Sucesso total na missão? Nem sempre! Com a vida atribulada e mil tarefas a serem cumpridas diariamente, a data e o horário podem ser confundidos e até cair no esquecimento. Por isso, é importante enviar lembretes e confirmações. Pode ser por WhatsApp comercial e SMS, por exemplo. Alguns softwares de gestão fazem esses ‘lembretes’, que podem ser programados e automatizados.

Qual é a frequência ideal de consultas de check-up?

De maneira geral, a frequência de rotina é prescrita em intervalos semestrais, ou seja, duas vezes por ano. No entanto, isso não é um padrão, pois a indicação pode variar de acordo com o caso. “O número e a periodicidade das consultas devem ser determinados pelo cirurgião-dentista, com base no risco de cada indivíduo para a ocorrência das doenças bucais”, explica Sofia, da APCD. “Esse risco está relacionado à experiência de cada um com doenças, com a quantidade de tratamentos já relacionados, com os hábitos alimentares e outros, como uso de álcool e tabaco, além da condição sistêmica”, acrescenta. O profissional deve ficar atento também ao nível de envolvimento de cada pessoa com o autocuidado durante os intervalos entre as consultas. “Caso perceba falhas, as rechamadas podem ser mais breves, porque, assim, haverá tempo para personalizar novo protocolo de recomendações, antes de uma incidência adicional de cárie ou doença periodontal”, finaliza Renata, da UFMG.

Rolar para cima