Zircônia versus titânio
Estudos comparam implantes desses dois tipos de material, avaliando a capacidade de osseointegração, reações adversas e estética, entre
outros aspectos
Os implantes dentários fabricados com titânio têm sido a escolha principal dos especialistas há cerca de 40 anos. De lá para cá, diversos estudos clínicos têm atestado o sucesso dos implantes de titânio no tratamento de pacientes edêntulos e parcialmente edêntulos. Isso se deve, de acordo com uma revisão sistemática feita pela Universidade de Freiburg, na Alemanha, em parceria com a Universidade Tufts, nos Estados Unidos, ao fato de o material possuir desejáveis propriedades físicas e mecânicas, versatilidade e alta biocompatibilidade.1
Por outro lado, a pesquisa atesta que existem críticas estéticas a respeito das sombras acinzentadas que podem surgir na mucosa sobre os implantes de titânio; assim como relatos de interações do metal com os tecidos moles e duros, gerando reações adversas como hipersensibilidade. O que, segundo os pesquisadores, levou a buscas de materiais alternativos para a fabricação dos implantes, com destaque para os cerâmicos feitos à base de óxido de zircônio (também chamado apenas de zircônia).
Por essa razão, o objetivo principal da revisão — que incluiu 57 estudos pré-clínicos e foi publicada no Journal of Prosthodontic Research — foi avaliar características como biocompatibilidade, propriedades físicas e mecânicas, resposta dos tecidos moles, design e capacidade de osseointegração de implantes de zircônia. Chegou-se à conclusão de que os resultados favoráveis os tornam uma alternativa em potencial aos modelos de titânio. Recomendam-se, porém, mais estudos para a indicação de seu uso na prática diária.
Uma vez que a osseointegração é um dos fatores-chave para o êxito de um implante, independentemente do tipo de material com que foi confeccionado; esse foi o foco de uma revisão sistemática e metanálise feita por instituições da Suíça, da Alemanha e da Áustria.2 O objetivo da pesquisa, que abrangeu 37 estudos pré-clínicos, foi avaliar se os implantes de zircônia demonstram diferenças na integração de tecidos moles e duros em comparação com os de titânio. Publicada no Oral Implants Research, a revisão concluiu que os dois materiais apresentam capacidades semelhantes de osseointegração, ainda que nos implantes de titânio o processo tenda a ser mais rápido no início.
Paralelamente, o mesmo artigo destacou que a zircônia apresenta algumas vantagens biológicas em comparação ao titânio, tais como formação reduzida de biofilme, menos células inflamatórias nos tecidos moles peri-implantares e maior microcirculação nos tecidos moles peri-implantares. Sendo assim, podemos dizer que os implantes de zircônia vão tomar o lugar dos modelos de titânio no futuro? As revisões apresentadas mostram que, além de ainda não haver uma resposta certa para essa questão, o debate parece estar apenas começando.
Saiba mais:
- Nishihara H, Haro Adanez M, Att W. Current status of zirconia implants in dentistry: preclinical tests. J Prosthodont Res. 2019 Jan;63(1):1-14. doi: 10.1016/j. jpor.2018.07.006. Epub 2018 Sep 8. PMID: 30205949.
- Roehling S, Schlegel KA, Woelfler H, Gahlert M. Zirconia compared to titanium dental implants in preclinical studies: a systematic review and meta-analysis. Clin Oral Implants Res. 2019;30(5):365-95. doi: 10.1111/clr.13425. PMID: 30916812.