É PRECISO FALAR DE CANABINOIDES
Está nas manchetes na imprensa, nos fóruns universitários e científicos, nas discussões no Congresso Nacional. O uso de medicamentos fitocanabinoides sempre despertou grande curiosidade, tanto de leigos quanto de profissionais da saúde. Esse interesse se intensificou nos últimos anos com o resultado de uma série de pesquisas, a aprovação de novos medicamentos e a ampliação de áreas que podem se valer das propriedades terapêuticas dos compostos da planta da Cannabis sativa. Na mesma proporção, crescem dúvidas relacionadas ao tema. Esses medicamentos são eficazes? Quando podem ser prescritos? São seguros?
Para a reportagem de capa desta edição, conversamos com alguns dos principais especialistas do Brasil no uso dos medicamentos fitocanabinoides na Odontologia e vasculhamos as pesquisas mais recentes a fim de elucidar as principais questões e apresentar um panorama amplo, didático e claro sobre as aplicações, os riscos e a eficiência dos fármacos oriundos da Cannabis sativa.
É um campo promissor. Eles podem ser utilizados no controle de dores crônicas, no tratamento de lesões intrabucais, na regulação da microbiota oral e no tratamento de doenças periodontais crônicas — inclusive sob a forma de pasta de dente e enxaguante bucal —, para citar apenas alguns exemplos. Mas também é preciso cautela. “O que existe ainda não permite colocar medicamentos fitocanabinoides como primeira escolha em tratamentos odontológicos, mas os resultados até agora demonstram que eles já são alternativas viáveis em diversas aplicações”, disse à revista Conexão UNNA o cirurgião-dentista João Paulo Tanganeli, que preside o grupo de trabalho sobre medicamentos fitocanabinoides do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), criado para avaliar o embasamento científico da cannabis na Odontologia e assessorar a Anvisa a esse respeito.
Outros temas interessantes completam esta edição. Na seção Pesquisa e Tendências contamos como um grupo de pesquisadores da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto desenvolveu uma pastilha probiótica que combate inflamações bucais, além de tornar as mucosas orais mais resistentes. Na entrevista do Dedo de Prosa, conversamos sobre a abordagem cirúrgica de ATM com o doutor João Gualberto de Cerqueira Luz, professor titular do Departamento de Cirurgia, Prótese e Traumatologia Maxilofaciais da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. O Artigo Técnico é uma verdadeira aula sobre a recuperação da estética de dentes escurecidos. E a OBE traz uma abordagem muito interessante da restauração adaptada. Também apresentamos a cartilha de conduta ética elaborada pela Odontoprev para ser usada no dia a dia pelos cirurgiões-dentistas e, na seção Gestão de Consultório, mais uma reportagem da série sobre os modelos de gestão que podem ser aplicados nos consultórios. Neste número, a metodologia adotada é a Lean.
Boa leitura!
Dr. José Maria Benozatti
Diretor Clínico-Operacional do Grupo Odontoprev