ESPERANÇA CONTRA A

PERI-IMPLANTITE

Pesquisadores norte-americanos desenvolveram um peptídeo com bons resultados no combate ao biofilme de implantes osseointegráveis

   Atualmente, cerca de 1 milhão de novos implantes dentários são realizados por ano no Brasil. O levantamento é da Associação Brasileira da Indústria Médica, Odontológica e Hospitalar (Abimo). Outra boa notícia, de acordo com a associação, é que a indústria nacional já atende 90% desse mercado, o que ajudou a reduzir os custos e a tornar esse tipo de tratamento cada vez mais acessível.

   Mas, com a popularização dos implantes osseointegráveis, vieram também novos desafios para a Odontologia. Assim como acontece com os dentes naturais, bactérias podem aderir à base do implante e por baixo da gengiva. O resultado é a formação de biofilme, algo que, sem tratamento, pode causar peri-implantite.

   Pensando nisso, recentemente, cientistas da Herman Ostrow School os Dentistry, ligada à Universidade do Sul da Califórnia (USC), desenvolveram um filme peptídeo biofuncional que pode ser aplicado tanto em implantes novos quanto em preexistentes, com o objetivo de reduzir o crescimento bacteriano na região do implante.

   Trata-se de uma solução diluída em água que se liga ao titânio, criando uma espécie de camada protetora capaz de eliminar diferentes patógenos e, assim, diminuir o risco da formação da placa bacteriana. O estudo “Filme de peptídeo aplicado repetidamente mata bactérias em implantes dentários” foi publicado, em 2019, no Journal of the Minerals, Metals and Materials Society.

Professor Malcolm Snead, da USC, nos EUA

   Atualmente, o tratamento da peri-implantite costuma ser feito com antissépticos e antibióticos. Muitas vezes, no entanto, a doença precisa ser resolvida cirurgicamente. Os pesquisadores esperam que, uma vez aprovado pelo FDA, órgão regulador de medicamentos nos EUA, o tratamento se torne mais certeiro, por assim dizer.

   A ideia é que o composto terapêutico possa fazer parte da higiene bucal da mesma forma que um enxaguatório, tanto no consultório odontológico, como também em casa. “É um sniper [atirador de elite] no lugar de uma bomba nuclear”, disse o professor Malcolm Snead, da USC, um dos líderes da pesquisa, em entrevista ao site da USC.

  De acordo com o professor, o uso prolongado da solução poderia aumentar a vida útil dos implantes. Mas as expectativas dos cientistas vão além da resolução dos problemas realacionados com a perimplantite. Eventualmente, Snead e sua equipe esperam que ela possa ser benéfica também no combate a doenças periodontais – que afetam de 20% a 50% da população mundial, vale lembrar. “Nosso verdadeiro objetivo é conseguir fixar antimicrobianos no componente mineral do dente e criar um ambiente antimicrobiano com uma simples escovação”, completou.

REFERÊNCIAS

1. Wisdom C, Chen C, Yuca E, Zhou Y, Tamerler C, Snead ML. Repeatedly applied peptide film kills bacteria on dental implants. JOM. 2019;71(4):1271-80. Epub 2019 Jan 18. doi: 10.1007/s11837-019-03334-w.

2. Oliveira MCD, Corrêa DFM, Laurêdo LFB, Mendonça LPFD, Lemos ABD, Carmo GGWD. Peri-implantite: etiologia e tratamento. Rev Bras Odontol. 2015;72(1-2):96-9.

3. Nazir MA. Prevalence of periodontal disease, its association with systemic diseases and prevention. Int J Health Sci. 2017 Apr-Jun;11(2):72-80.

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