Alinhadores e fluxo digital em ortodontia

Alinhadores e fluxo digital em ortodontia

Jorge Abrão, Professor Associado da FOUSP (Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo; cirurgião-dentista e especialista em Ortodontia e Ortopedia Funcional dos Maxilares

Jorge Abrão

A procura por novas tecnologias digitais nos dias de hoje, que visem conforto e aperfeiçoem o planejamento e diagnóstico, associados a tratamentos estéticos, aumentaram a procura pelos alinhadores ortodônticos.

Agora, ao invés dos tradicionais aparelhos fixos, principalmente, os metálicos, que possuem uma mecânica constituída por fios e braquetes, que movimentam todos os dentes, a opção são os alinhadores, que movimentam apenas os dentes que desejamos nivelar.

O tratamento é realizado por meio de uma série de alinhadores plásticos que são trocados, em média, a cada 15 dias, que ao final do tratamento deverão corrigir uma má-oclusão.

O plano de tratamento é realizado virtualmente no software específico. Ele mostra toda a movimentação dos dentes passo a passo durante o tratamento até o resultado final, permitindo que você veja como ficará os dentes do seu paciente depois.

Figura 1 – Comparação entre aparelhos fixos e alinhadores

Os alinhadores, além de serem mais estéticos, têm uma higiene é mais fácil, permitindo aos pacientes escová-los e usarem fio dental. Além disso, eles apresentam uma boa resistência e podem exercer forças contínuas para que os dentes se alinhem.

Eles ainda apresentam as seguintes vantagens: maior previsibilidade, mais bonitos esteticamente, confortáveis e exigem menos consultas de emergência.

Como desvantagens: tempo de confecção, custo final, limitações em casos mais complexos.

As principais indicações:

  1. Pacientes que não querem usar aparelho fixo;
  2. Casos simples e moderados;
  3. Finalizações;
  4. Tratamento pré-restaurativo;
  5. Tratamentos híbridos;
  6. Refinamentos.
Figura 2 – Alinhadores

Na documentação ortodôntica são utilizados os scanners intrabucais. O uso do CD/CAM oferece uma boa reprodutibilidade dos modelos. A tecnologia CAD/CAM é constituída por captura das imagens das arcadas dentárias, tratamento das imagens por meio de softwares específicos e pelo arquivo de impressão em 3D. Esses itens são denominados de Fluxo de Trabalho Digital.

No mercado existe uma grande diversidade de scanners intrabucais disponíveis que apresentam acurácia, reprodutibilidade e confiabilidade nos estudos. O escaneamento intrabucal é uma opção de escolha pelos pacientes quando comparado às moldagens de alginato em relação ao conforto, mesmo que o método convencional de moldagem seja mais rápido que o escaneamento intrabucal.

O emprego de scanners para obtenção dos modelos digitais foi um passo muito importante na clínica, encurtando tempo de atendimento, gastos com material e maior conforto aos pacientes.

Os dados da topografia da superfície das arcadas dentárias correspondem a uma malha de pontos triangulados e geralmente são salvos em computador em arquivo no formato Standard Triangulation Language (STL).

Para obter imagens digitais STL, o profissional pode obtê-las por meio de seu próprio scanner. No mercado existem vários tipos de scanners, embora também possamos obtê-las por meio de empresas terceirizadas que fornecem essas imagens junto com a documentação ortodôntica.

A moldagem digital elimina possíveis erros como: bolhas de ar, ruptura dos materiais de moldagem, deslocamento e movimentação da moldeira e distorção da moldeira e molde, que podem ocorrer nas moldagens convencionais.

Existe uma grande precisão nas imagens obtidas pelo scanner, os arquivos STL, que possuem uma acurácia de 5 a 20 mícrons, (dependendo do método e do tipo de scanner) que são enviadas às empresas que fabricam os alinhadores e, a partir das mesmas, analisadas por meio de um software. Isso permite ao ortodontista mostrar ao paciente a simulação de todas as etapas do tratamento ortodôntico com os seus respectivos movimentos dentários.

Pode-se concluir que os sets ups digitais são ferramentas efetivas e constituem uma realidade dentro dos elementos de diagnóstico ortodôntico.

Figura 3 – Scanner digital

A próxima etapa do fluxo de trabalho digital é a impressão 3D de imagens capturadas ou manipuladas. Na Ortodontia são mais utilizados os métodos de impressão por manufatura aditiva, como a estereolitografia (SLA), que solidifica resinas líquidas com luz ultravioleta; e a modelagem por deposição fundida (FDM), que utiliza filamentos de polímeros termoplásticos. 

No mercado existem vários tipos de placas de PETG (polietileno tereftalato modificado comglicol), poliuretano e placas híbridas, que estão surgindo com novos materiais promissores.

Utiliza-se para guia de attachment, placas de 0,3mm, e para alinhadores, placas de 0,75mm ou 0,8 mm.

Figura 4 – Impressão 3D

Conclusão

Podemos concluir que a documentação digital representa o futuro das técnicas empregadas na odontologia, sendo de suma importância que o profissional esteja preparado para empregá-las. A tecnologia digital permite reduzir o tempo de trabalho clínico, proporcionando conforto e estética aos pacientes.

As ferramentas em 3D, as TCFCs, fotografias 3D e modelos digitais, proporcionam novas possibilidades na odontologia, permitindo uma melhor eficiência nos trabalhos executados na clínica, além de melhor comunicação entre profissionais e pacientes.

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