Pesquisadores do Paquistão desenvolvem gel e colutório
a partir da sinvastatina como aliados no tratamento da doença periodontal
A sinvastatina tem sido amplamente utilizada nas últimas duas décadas como remédio para baixar os níveis de colesterol sanguíneo, o principal fator de risco das doenças cardiovasculares. A boa notícia é que crescem os estudos indicando a sua contribuição também para o tratamento das periodontites.
Isso se deve principalmente pela ação anti-inflamatória, imunomodulatória e antimicrobiana da sinvastatina contra as bactérias – uma das razões que despertaram o interesse de pesquisadores do Departamento de Farmacologia e do Centro Internacional de Química e Ciências Biológicas, ambos ligados à Universidade de Karachi, no Paquistão. Juntos, eles desenvolveram um gel oral e um enxaguatório bucal de sinvastatina a 1% para serem usados localmente, de forma a complementar os processos de raspagem e alisamento radicular.
Testagem em pacientes
As descobertas já foram testadas em um grupo controle, que abrangeu 30 pacientes. Foram escolhidas pessoas acima de 18 anos, acometidas por gengivite e periodontite e sem nenhuma doença sistêmica. Esses pacientes também não haviam tomado nenhum medicamento nos seis meses anteriores ao início da pesquisa, nem passado por tratamento periodontal nos dois meses prévios.
Os pacientes foram divididos aleatoriamente em três grupos, sendo examinados antes e após quatro semanas de tratamento.
Bons resultados
As conclusões indicaram que o gel e o colutório de sinvastatina apresentaram resultados favoráveis nos pacientes, promovendo alívio imediato da inflamação, da dor e do sangramento. A profundidade da bolsa de sondagem e o nível de inserção clínica foram reduzidos significativamente. Os índices gengival e de placa também decresceram, com diminuição do sangramento.
O estudo sinalizou, ainda, que os biomarcadores inflamatórios foram mais reduzidos nos pacientes tratados com gel em comparação ao grupo que usou o enxaguatório, uma vez que a viscosidade e a mucoadesividade do gel contribuíram para que ele permaneça na bolsa periodontal por um longo período.
Não foi observada, contudo, alteração no grau de mobilidade dentária. Segundo os responsáveis pelo estudo, isso pode ser devido ao fato de que o teste foi feito em um período curto de tempo. Eles citaram outros pesquisadores que comprovaram ganho ósseo após seis meses de uso de gel de sinvastatina.
Apesar de reconhecerem a limitação do estudo, em razão da pequena amostragem e do curto tempo de observação, os pesquisadores paquistaneses reforçam que “os resultados são promissores e encorajadores”, recomendando que haja mais investimento em estudos em larga escala a fim de se obterem todos os benefícios da sinvastatina no tratamento de doenças periodontais.