Alinhadores e fluxo digital em ortodontia

Estratégia para canais calcificados

José Carlos Pettorossi Imparato, Professor Livre docente de Odontopediatria da FOUSP e Coordenador do Curso de Pós-Graduação em Odontopediatria do São Leopoldo Mandic

Bruna Lorena Pereira Moro, Especialista em Odontopediatria e Professora colaboradora no programa de Pós-graduação da Faculdade São Leopoldo Mandic em São Paulo, Campinas e Brasília, onde atua também como coordenadora acadêmica dos cursos de Pós-graduação em Odontopediatria na unidade de São Paulo.

Jorge Abrão, Professor Associado da FOUSP (Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo; cirurgião-dentista e especialista em Ortodontia e Ortopedia Funcional dos Maxilares

Em casos de obliteração pulpar – endodontia guiada (EG)

Nos últimos vinte anos, observou-se um notável avanço na endodontia impulsionado pela adoção de tecnologia e procedimentos que têm apresentado resultados consistentes no acesso e cura de lesões de origem endodôntica.

Traumas dentários podem desencadear um aumento na formação de dentina, resultando na obliteração pulpar (OP). Quando uma quantidade significativa de tecido mineralizado se deposita, o espaço pulpar pode desaparecer nas radiografias, embora cortes histológicos ainda possam indicar a presença de tecido pulpar. Isso pode acarretar danos aos tecidos periodontais de suporte, tornando-os suscetíveis a infecções através dos túbulos dentinários [1].

Evidências indicam que a necrose pulpar (NP) é comum em dentes lesionados por trauma das mais variadas categorias [2]. Várias publicações argumentam que a OP está associada a um aumento na probabilidade de NP após trauma ou procedimentos terapêuticos, como ortodontia e restaurações [3]. O acompanhamento clínico e radiográfico atento desses casos é imperativo, e o tratamento endodôntico deve ser indicado diante do surgimento de sintomas clínicos ou de alterações nos tecidos periapicais [4].

Como resposta a esses desafios, surge a endodontia guiada (EG), baseada no planejamento digital da terapia endodôntica visando prevenir acidentes e outras complicações iatrogênicas [5]. Atualmente, os procedimentos endodônticos podem ser realizados com orientação estática (SGE) ou dinâmica (DGE), assemelhando-se aos procedimentos em implantes.

O arco superior ou inferior é escaneado por meio de Tomografia Computadorizada de Feixe Cônico durante o SGE. Ao sobrepor essas imagens no software, é possível criar um modelo para abranger o dente desejado e alguns dentes adjacentes. Esse modelo serve como guia para a perfuração precisa das paredes do canal calcificado. O canal radicular pode então ser acessado com maior precisão por meio do uso de brocas especiais. (Figuras 1, 2, 3, 4 e 5)

Após a remoção do tecido calcificado com o auxílio do cilindro metálico como guia, a terapia do canal radicular pode seguir seu curso normal [6]. A incorporação de ferramentas digitais, além do planejamento endodôntico tradicional, é essencial para o campo da endodontia guiada, especialmente agora que esses métodos emergem como uma opção de tratamento promissora para a OP, uma questão prevalente na endodontia.

A endodontia guiada constitui área de estudo em constante desenvolvimento.

A endodontia guiada constitui área de estudo em constante desenvolvimento.

Figuras 1 e 2 – Guia endodôntico confeccionado após escaneamento e tomografia
Figura 3 – Guia instalado e início do acesso
Figuras 4 e 5 – Protocolo endodôntico antes e depois

Crédito das imagens: José Luiz Lage-Marques, professor dos cursos de especialização da Fundecto e São Leopoldo Mandic – São Paulo.

Referências bibliográficas

  1. Ribeiro D., Reis E., Marques J.A., Falacho R.I., Palma P.J. Guided Endodontics: Static vs. Dynamic Computer-Aided Techniques—A Literature Review. J. Pers. Med. 2022;12:1516. doi: 10.3390/jpm12091516.
  2. Kulinkovych-Levchuk K., Pecci-Lloret M.P., Castelo-Baz P., Pecci-Lloret M.R., OñateSánchez R.E. Guided Endodontics: A Literature Review. Int. J. Environ. Res. Public Health. 2022;19:13900. doi: 10.3390/ijerph192113900
  3. Todd R., Resnick S., Zicarelli T., Linenberg C., Donelson J., Boyd C. Template-guided endodontic access. J. Am. Dent. Assoc. 2021;152:65–70. doi: 10.1016/j.adaj.2020.07.025.
  4. Vinagre A., Castanheira C., Messias A., Palma P.J., Ramos J.C. Management of Pulp Canal Obliteration—Systematic Review of Case Reports. Medicina. 2021;57:1237. doi: 10.3390/medicina57111237.
  5. Maia L.M., de Carvalho Machado V., da Silva N.R.F.A., Brito M., Jr., da Silveira R.R., Moreira G., Jr., Sobrinho A.P.R. Case reports in maxillary posterior teeth by guided endodontic access. J. Endod. 2019;45:214–218. doi: 10.1016/j.joen.2018.11.008.
  6. Connert T., Krug R., Eggmann F., Emsermann I., ElAyouti A., Weiger R., Kühl S., Krastl G. Guided endodontics versus conventional access cavity preparation: A comparative study on substance loss using 3-dimensional–printed teeth. J. Endod. 2019;45:327–33.
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