Fios Faciais: Abordagem Não-Invasiva do Rejuvenescimento

Autor: Prof. Dr. Levy Nunes
Ministrador do Curso Harmonização Orofacial Avaçado

Introdução

Atualmente a sociedade vive uma nova era da saúde, bem-estar e beleza, que por estar embasada na ciência e no alto padrão de conhecimento, tem levado muitos pacientes à procura do consultório odontológico por tratamentos e abordagens não-invasivas para o rejuvenescimento. Isto porque, hoje o cirurgião-dentista se consagra como Especialista em Harmonização Orofacial, reconhecido pela Resolução do CFO 198/20191, mas também pelo seu conhecimento e capacidade, dado pelo alto treinamento em procedimentos delicados e minimamente invasivos.

O envelhecimento é o resultado de vários fatores associados, como a genética, exposição solar, tabagismo, glicação, má alimentação e dos hábitos de vida em geral, e que irá afetar todas as diferentes camadas da face: desde o osso, os músculos, a gordura subcutânea até a pele, deixando sinais de flacidez e perda de volume que afetam a estética e o bem-estar.

Dentro da revolução tecnológica no âmbito da beleza e rejuvenescimento dos últimos anos, destacam-se os fios faciais, pois apresentam tecnologia desenvolvida que atribui alta capacidade bioestimuladora de colágeno, promovendo a reconexão tecidual, de forma a tratar a pele e os tecidos adjacentes de dentro para fora. É uma nova ferramenta que pode ser introduzida no arsenal de especialistas que atuam na área de Harmonização Orofacial, pois tornou-se uma excelente opção para procedimentos de rejuvenescimento facial minimamente invasivos com alta satisfação entre pacientes e pelos seus excelentes resultados e baixo índice de complicações.

Os fios faciais

Os fios faciais que atuam contra os sinais do envelhecimento surgiram como uma alternativa à ritidectomia, ou lifting facial cirúrgico, justamente por este último apresentar pós-operatório insatisfatório, longo tempo de recuperação e complicações temporárias e/ou permanentes.

O uso de fios para a sustentação da face através de suturas surgiu em 1990, promovido por Sulamanidze e cols, que utilizaram fios a base de polipropileno, com resistência similar ao NylonⓇ, e que apresentavam garras criadas com lâminas de bisturi, mas que perdiam seu poder de tração pelo fato dessas garras serem altamente delicadas. O material dos fios faciais evoluiu ao longo dos anos, progredindo de material não absorvível e permanente para dar lugar aos fios faciais absorvíveis, sejam eles voltados para o suporte e sustentação de tecidos ptosados, ou para a simples produção de colágeno. Dentre os fios absorvíveis que se destacam hoje, tem-se os fios de polidioxanona (PDO), que se dividem em fios lisos, fios parafusos e os fios espiculados; os fios de ácido poli-L-láctico e de policaprolactona.

Os fios de PDO são os mais comumente usados, devido ao alto perfil de segurança, facilidade de aplicação e excelente relação custo-benefício. Atuam proporcionando hidratação e firmeza, volume e dermosustentação de longa duração, reduzindo a flacidez com resultados naturais e duradouros.

Os fios lisos de PDO são indicados para o bioestímulo de colágeno, pois estimulam os fibroblastos a produzir colágeno tipo III e o colágeno tipo I, sendo este último o responsável por manter a integridade da matriz extracelular da derme, promovendo uma alta performance estética, de saúde e de jovialidade (FIG. 1). Ensaios clínicos na literatura demonstram que a inserção subcutânea de fios lisos de PDO induz a produção de colágeno, aumenta a síntese de ácido hialurônico endógeno e melhora substancialmente a microcirculação local, reduzindo as linhas e rugas faciais, por dar lugar a tecidos mais firmes, elásticos e hidratados.

Os fios de PDO conhecidos como “fio parafuso” apresenta um formato espiralado que estimula a formação de colágeno em maior intensidade, pois o seu formato causa uma maior reação inflamatória no tecido e, consequentemente, há uma maior produção de colágeno (FIG. 2). Wong et al. (2017) afirmaram que os fios parafusos, mono ou duplo, ofereceram uma boa restauração do volume em áreas comprometidas da pele. A produção de colágeno desses fios ajudou a restaurar o volume e a melhorar a textura e elasticidade da pele, proporcionando um resultado estético natural.

A consequência mais significativa da perda de colágeno por conta do envelhecimento é a flacidez e a ptose de tecidos. Para estas situações, estão indicados os fios de PDO espiculados que possuem duas vias de ação: tração/sustentação e produção de colágeno (FIG. 3). Devido à suas características mecânicas de suas espículas, atua tracionando os tecidos, promovendo um efeito lifting de longa duração, podendo ser utilizado em face e pescoço; e, durante a sua absorção, a polidioxanona atua promovendo a produção de colágeno, de forma a combater a flacidez (FIG. 4).

Conclusão

Os fios faciais chegam à realidade clínica como uma alternativa eficiente à cirurgia plástica, quando se quer combater os efeitos do envelhecimento. Trata-se de um procedimento minimamente invasivo, com resultados significativamente positivos, realizado em consultório odontológico, que promove a sustentação de tecidos ptosados e a produção de colágeno, combatendo o envelhecimento e contribuindo para a satisfação dos pacientes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Conselho Federal de Odontologia. Resolução CFO-198/2019 de 29 de janeiro de 2019. Reconhece a Harmonização Orofacial como especialidade odontológica, e dá outras providências. Publicado em D.O.U. Brasília, janeiro de 2019.

2. MedBeauty. i-Thread. In: O Poder da Ciência a Favor da Beleza. 1ª Edição. São Paulo, SP: MedBeauty; Março 2021.

3. Cobo R. Use of Polydioxanone Threads as an Alternative in Nonsurgical Procedures in Facial Rejuvenation. Facial Plast Surg. 2020 Aug;36(4):447-452. doi: 10.1055/s-0040-1714266.

4. Sulamanidze MA, Paikidze TG, Sulamanidze GM, Neigel JM. Facial lifting with “APTOS” threads: featherlift. Otolaryngol Clin North Am 2005;38(05):1109–1117.

5. Bortolozo F, Bigarella RL. Apresentação do uso de fios de polidioxanona com nós no rejuvenescimento facial não-cirúrgico. Braz J Surg Clin Res. 2016 Set-Nov;16(3):67-75.

6. Wong V, Rafiq N, Kalyan R et al. Hanging by a thread: choosing the right thread for the right patient. J Dermat Cosmetol. 2017;1(4):86-8.

7. Unal M, İslamoğlu GK, Ürün Unal G, Köylü N. Experiences of barbed polydioxanone (PDO) cog thread for facial rejuvenation and our technique to prevent thread migration. J Dermatolog Treat. 2021 Mar;32(2):227-230.

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